O conceito de currículo é passível de múltiplas interpretações e perspectivas já que sua construção está intimamente referenciada ao sujeito em processo de aprendizagem e ao universo de conhecimento. Portanto, o currículo não é como normalmente se pensa uma relação de disciplinas. Um rol, uma lista de coisas, como uma lista de supermercado. O currículo é uma construção cultural. Não é um conceito abstrato. É necessário, para sua eficiência e contribuição social que tenha aplicabilidade e resultados de forma que seja materializado como práticas educativas. Dentro dessa visão podemos entender um currículo como algo composto a partir de eixos que, embora distintos, estão intimamente imbricados.
O Currículo
Real, acontece na sala de aula em decorrência de um projeto pedagógico dos
planos de ensino. Libâneo (2004, p.172) explica:
É a execução de um plano, é a efetivação do
que foi planejado, mesmo que nesse caminho do planejar e do executar aconteçam
mudanças, intervenção da própria experiência dos professores, decorrentes dos
seus valores, crenças, significados. É currículo que sai da prática dos
professores, da percepção e do uso que os professores fazem do currículo
formal, assim como o que fica na percepção dos alunos.
Nessa
perspectiva educando assim como o educador, traz consigo toda sua herança
cultural que eventualmente serão demonstradas na sua atuação em sala de aula.
O
Currículo Prescrito (Sacristán, 2000) é determinado a partir das
políticas educacionais concebidas pelo governo federal. Sabemos que de forma
geral o currículo é construído através de três áreas de fundamentos: a
sociedade, o sujeito em processo de aprendizagem e o universo de conhecimento,
ou cultura. A integração desses três importantes fundamentos dependem, no
entanto, do sistema de valores e das opções das políticas educativas adotadas
pelos governos. Percebemos que o currículo prescrito é um excelente coadjuvante
da reprodução.
Diferente
deste há o Currículo Oculto, (Sacristán, 2000) permeado de fatores morais,
políticos e éticos. As escolas não ensinam aos alunos apenas a “ler, escrever,
calcular, entre outros conteúdos”, elas são também agentes de socialização, de
mudança e sendo um espaço social, tem um duplo currículo, o explícito e formal,
e o oculto e informal.O currículo oculto é, geralmente, marcante na vida dos
alunos, vindo associado às mensagens de natureza afetiva, tais como atitudes e
valores. Porém não é possível separar os efeitos dessas mensagens daquelas de
natureza cognitiva.
Sem
usar tais terminologias, encontramos nas idéias de PONTE (1992) apoio para esta
visão curricular quando este afirma que a construção do saber está impregnado
de elementos sociais, não se podendo separar um do outro. Além disso, o autor
enfatiza a importância das crenças e concepções que estão presentes em todo
conhecimento. E nesse sentido é valioso o estudo da relação entre esses fatores
(crenças e concepções) e o conhecimento do professor, já que ele é o responsável
pelas experiências de aprendizagem dos alunos, estando em um lugar privilegiado
para influenciar as concepções desses alunos.
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria
e prática. 5. ed. Goiânia: ed. Alternativa, 2004.
PONTE, J. P. 1992. Concepção
dos Professores de Matemática e Processos de Formação in: BROWN, M.;
FERNANDES, D.; MATOS, J. F.; PONTE, J. P. (Eds.), Educação Matemática.
Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, p.185-239.
ROLDÃO M. do C.
(1999). Os professores e a Gestão do Currículo: Perspectivas e Práticas em
Análise. Porto: Porto Editora.
SACRISTÁN, J. G.
(2000). O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: ArtMed.
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