sexta-feira, 12 de outubro de 2012

CURRÍCULO REAL, OCULTO E PRESCRITO





 

O conceito de currículo é passível de múltiplas interpretações e perspectivas já que sua construção está intimamente referenciada ao sujeito em processo de aprendizagem e ao universo de conhecimento. Portanto, o currículo não é como normalmente se pensa uma relação de disciplinas. Um rol, uma lista de coisas, como uma lista de supermercado. O currículo é uma construção cultural. Não é um conceito abstrato. É necessário, para sua eficiência e contribuição social que tenha aplicabilidade e resultados de forma que seja materializado como práticas educativas. Dentro dessa visão podemos entender um currículo como algo composto a partir de eixos que, embora distintos, estão intimamente imbricados.

 O Currículo Real, acontece na sala de aula em decorrência de um projeto pedagógico dos planos de ensino. Libâneo (2004, p.172) explica:

É a execução de um plano, é a efetivação do que foi planejado, mesmo que nesse caminho do planejar e do executar aconteçam mudanças, intervenção da própria experiência dos professores, decorrentes dos seus valores, crenças, significados. É currículo que sai da prática dos professores, da percepção e do uso que os professores fazem do currículo formal, assim como o que fica na percepção dos alunos.

Nessa perspectiva educando assim como o educador, traz consigo toda sua herança cultural que eventualmente serão demonstradas na sua atuação em sala de aula.

O Currículo Prescrito (Sacristán, 2000) é determinado a partir das políticas educacionais concebidas pelo governo federal. Sabemos que de forma geral o currículo é construído através de três áreas de fundamentos: a sociedade, o sujeito em processo de aprendizagem e o universo de conhecimento, ou cultura. A integração desses três importantes fundamentos dependem, no entanto, do sistema de valores e das opções das políticas educativas adotadas pelos governos. Percebemos que o currículo prescrito é um excelente coadjuvante da reprodução.

Diferente deste há o Currículo Oculto, (Sacristán, 2000) permeado de fatores morais, políticos e éticos. As escolas não ensinam aos alunos apenas a “ler, escrever, calcular, entre outros conteúdos”, elas são também agentes de socialização, de mudança e sendo um espaço social, tem um duplo currículo, o explícito e formal, e o oculto e informal.O currículo oculto é, geralmente, marcante na vida dos alunos, vindo associado às mensagens de natureza afetiva, tais como atitudes e valores. Porém não é possível separar os efeitos dessas mensagens daquelas de natureza cognitiva.

Sem usar tais terminologias, encontramos nas idéias de PONTE (1992) apoio para esta visão curricular quando este afirma que a construção do saber está impregnado de elementos sociais, não se podendo separar um do outro. Além disso, o autor enfatiza a importância das crenças e concepções que estão presentes em todo conhecimento. E nesse sentido é valioso o estudo da relação entre esses fatores (crenças e concepções) e o conhecimento do professor, já que ele é o responsável pelas experiências de aprendizagem dos alunos, estando em um lugar privilegiado para influenciar as concepções desses alunos.



REFERÊNCIAS

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: ed. Alternativa, 2004.
                                  
PONTE, J. P. 1992. Concepção dos Professores de Matemática e Processos de Formação in: BROWN, M.; FERNANDES, D.; MATOS, J. F.; PONTE, J. P. (Eds.), Educação Matemática. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, p.185-239.

ROLDÃO M. do C. (1999). Os professores e a Gestão do Currículo: Perspectivas e Práticas em Análise. Porto: Porto Editora.

SACRISTÁN, J. G. (2000). O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: ArtMed.







 

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